Poema Interrompido

 







Esse ano Papai Noel 

Não vem.


Não é o meme do grupo

De risco

Ou o risco de

Ser assaltado 

na esquina Rosa

Tomar baculejo

Em nossa porta

Deixar uns bagulho

Num embrulho.  


Esse ano Papai Noel 

Não vem mesmo. 


Não tem chaminé 

Na rua toda

Carro de lixo 

Não passa 

Cesta básica 

Comida de

Graça 

Só quando

O título 

Importa. 


Esse ano Papai Noel 

Não vem.

Só vai atender

Aos pedidos

Onde a Amazon

Suporta.


Esse ano não tem

Natal 

Graça 

Porta nenhuma

Importa.


Auxílio cortado

Do bom velhinho 

Aposentado

Que não 

Tem mais vez

No país da

‘gripezinha’

E da piada 

Pronta


Esse ano não tem

Natal nem graça 

Nenhuma.

Não há poesia.

Até Miró caiu

Doente.


Jesus não nasce 

Esse ano.

Em seu lugar 

Uma fila

 Na caixa econômica

Dobrando a esquina.

Chegue cedo, viu?



E já aviso:

 Ano que vem não 

Vai ter 

Carnaval também…


Em seu lugar 

4 dias de cinzas

Pra gente chorar 

Os nossos mortos

Tortos

Nossos odiosos

Troços

Aqueles que se foram 



E todo remorso 

Todo ódio 

Todo os modos

Acordos 

Consórcios

Blocos 

Impostos

Gente indecente a nos

Governar



Paro por 

Aqui

Enquanto o dia

Grita


Enquanto a lua

Brilha


Enquanto 

Ainda há fôlego 


Motivos para 

Luta 


Enquanto a vida

Pulsa


Enquanto podemos

Sonhar. . . 







*PS: Esse poema eu "achei" nos meus arquivos. Não lembro o ano em que foi escrito.  Deixei ele inacabado exatamente por não conseguir, na época,  respirar algo que não fosse para esse lado da vida. 

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