Não existe transporte público no Brasil. Isso fica cada vez mais evidente quando olhamos para a forma como esse serviço nos é oferecido. Uma meia dúzia de empresários se unem para decidir a rotina de milhões de homens e mulheres em cidades cada vez mais lotadas, mergulhadas no caos da violência e no abandono do poder que também se chama de ‘público’.
Essa semana fomos surpreendidos com a notícia de que o metrô do Recife e região metropolitana não funcionará mais aos domingos. Como sempre, arrumaram uma boa desculpa para esconder uma série de problemas que se arrasta por anos: o fato da população não ter mais direito à cidade.
A meia passagem aos domingos para os usuários da integração metrô/ônibus já não é oferecido há um bom tempo. Agora, com o anúncio, sem nenhuma prévia, escuta ou discussão com a sociedade, avisam o fechamento do metrô aos domingos, ‘sem previsão para normalização do serviço’, deixando uma população que já não tem acesso ao lazer e a cultura ainda mais enclausurados dentro de casa. É como se os ricos estampassem na nossa cara um ofício informando que a cidade é só pra quem tem carro, quem pode pagar caro para um cinema, um teatro, um show ou qualquer diversão que envolva deslocamento.
Como é que fica agora o parque com as crianças aos domingos, a escola dominical, a ida na feira para complementar o almoço da família? Não fica né? Aliás, fica em casa, enclausurados nos bairros que não possuem quadras cobertas, praças decentes para um passeio matinal, pista de corrida ou qualquer coisa que o valha. Ao mesmo tempo o centro agoniza com cada vez mais lojas fechando. Banca de revista e livrarias vendendo cigarros e talão zona azul. Tu sabe quanto vale uma entrada para assistir a um jogo do Sport na Arena Pernambuco? E como vai ficar a cidade em dia de jogo sem metrô pra levar os meninos das torcidas organizadas?
Comentários
Postar um comentário