No Jardim da Política*



Essas ilusões constitucionalistas, baseadas em conchavos e acordos, legalismo sanguinário.
Essa conveniência conveniente, maiúscula combinatória falta de convicção.
Ideologia? Me dê aí duas. 
- uma pra usar na rua, outra pra gastar em casa, falta uma, pra eleição.

Política não discuto, não discurso, não delego, não demando, não de ato, parto, partido, participação.
Política é coisa pra político. Eles que o façam. E eu alugo, não LIGO, pagode no rádio, cerveja gelada, úlcera evito, interrogações.
Papo porra de politizado é um caralho. Plástico bolha, Apolinário, filosofia que se pense pelos outros. Ele fala tão bonito. Diga por mim, ali, que hoje não vou não. Verbo modal, cômodo, incomoda. Quero é o gozo, o orgasmo, nada de subversão.
Quem quiser viver, vender, ver, valer seu voto, vote. Eu volto. Escrevo bala de borracha e se faz silêncio onde moro.
Lava jato? Demora. Pensar DOI. Deixem o temer comer molinho na teta da Brasília sem pudor nem coração.
Qualquer duvida vou na veja e vejo, Forbes, globo ocular, nossa nova e samba canção.
Eu sou um tolo pregando cego por uma intervenção. Foda-se! O brazil não é uma nação. . .
Salva aí, gonzaguinha, que esse comportamento geral já virou dó, mi e sol. . .





* "No jardim da política" é o título de um disco de 1985, do genial Tom Zé, gravado no Teatro Lira Paulista em SP. Detalhe: ainda na ditadura. 

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