Não se liga pra uma mulher num domingo de manhã


Meia hora olhando para o celular. Apertar um botão, colocar no pé do ouvido e esperar. Simples? Será que é só isso? Ontem ele encarou, sozinho, uma multidão de ambiciosos e ladrões; Hoje não sabe se começa com um simples “Bom dia” ou ignora o fato de nunca ter ligado antes para “aquele sorriso”. Recomenda calma a seu coração tímido... É melhor encarar uma plateia lotada, um microfone, mil interrogações feitas na lata do que ter a audácia de avaliar um verso do Camões. Assim se sentia. Era um domingo.

Texto ensaiado, voz aquecida, coração na mão e margaridas. Tinha que ter algo que amenizasse o momento intranquilo. Apertou o botão... “O telefone tocou novamente”. Caixa de mensagens, sufoco, palpites...






-“Liga de novo!”

-“Faça isso não!”

Razão e emoção naquele hediondo confronto. Do outro lado, um “oi” meio “amassado”. A bela da tarde ainda estava dormindo. Era domingo, onze e meia da manhã; Não iria atrapalhar o almoço, o estudo, as mil mensagens enviadas antes e etc... Agora estava sem chão. Naquele momento só quem lhe segurava era o telefone.

-“Por que na televisão tudo era tão fácil?”

- “Não idealize não! Quem foi que mandou você me ligar tão cedo/tão tarde?”

-“Mas já são 11 horas da manhã!”

- “Importa? Hoje é domingo”...

Dia dela ou não? Tudo corria água à baixo agora. Senta numa cadeira, coloca um MP3 do Beto Guedes pra tocar, rabisca umas linhas que nem sei... Sorri. A vida tem mesmo dessas coisas.

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