Num fim de dia, Chuva







A chuva caindo e a casa escura. Eu do lado de fora esperando alguém chegar e abrir o portão. Uma velha canção ao longe. O frio e a raiva me dizendo que não. Aquela música continuava, e eu jogava pedras no portão. Não deveria haver desculpa para aquele dia, ou a companhia. Queria ver tudo mudar. E eu lá fora. Era uma criança e tinha pavor do trovão. Naqueles dias costumava decifrar alguns versos e passar algum tempo parado na chuva, olhar a rua, ver ser levado o barquinho do tempo.
Eram os braços da chuva que me faziam dormir, ou será que era pelo medo? Aquele era um quadro perfeito ou havia o desapego, uma distância, o receio de se tornar  tão frio quanto aquela velha canção ouvida de longe, cantada por alguém que namora a chuva?
A chuva caindo e a casa escura. Eu ainda estou aqui fora.

Comentários