O dia em que matei meu orkut...





Ter uma vida fora do corpo sempre foi um plano que habitou os corações e mentes de muita gente de pensamentos ociosos. Ser o dono de si, domesticar as correntes que hoje os aprisionam. Ai, do nada, aparece outro algo para prendê-lo, mesmo que sorrateiramente: as “sociais redes”. Semanais, vulgares e instantâneas. Apareceram. Ganharam espaço, adeptos, criados e criadores. Hoje é um notado vício, quase um habito sadio. Hoje a internet disputa tapa a tapa com a TV e o rádio, e a quem passe horas do dia preso em seu “PC”, já que até a televisão de cachorro agora faz Download, converte arquivos, transforma em um dia “um menino em herói”. as mídias poderosas que derrubam imagens e pessoas, conceitos e virtudes, relacionamentos relâmpagos e vidas inteiras em apenas um mover de mãos.
Outro dia combateu ditaduras, organizou pessoas, formou opiniões, e isso tão rapidamente quanto um vulto. Antes era a guerra do fogo, hoje é o perfil fake, o vídeo comentado do momento, o novo escândalo do minuto. “vc viu o fulano? Que pena! Não sabe o que perdeu”. A rede agora tomou status de extensão da sociedade, braço de ferro do mundo real, algo novo e belo, estonteante e recorrente; algo que minimiza o nosso viver em prisões. O perfil é tão comum quanto um telefone. Por outro lado, não pertencer a esse mundo significa se colocar como quase um analfabeto, um alienígena, um velho digno de reprovação.
Ai, eu, mega desligado em toda essa nova linguagem, fui avaliar e vi que, aquele meu perfil já não era mais tão legal assim. Aquele ambiente de exaltação ao individualismo, promoção da falsa imagem do ser, não era mais um simples meio de comunicação; agora era um mundo vazio, uma rede desenvolvida para se deleitar sozinho, uma viagem sem caminho. Toda aquela maluquice me veio à tona quando minha mãe me perguntou, assim, do nada, sobre as fotos do meu perfil. Ela agora tinha um “lugar comum para si”. Custou lhe explicar que já não usavam mais aquele “cantinho”. Por que aquele garoto pequeno não fala mais com o amigo do mesmo prédio, sem ser pelo computador? Deixa mãe; eu vou continuar te mandando cartas; isso mesmo! O bom da vida é viver.

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