Sobre as eleições 2010 (rascunho)




Estamos vivendo um momento muito importante em nosso país. Pela sexta vez teremos eleições diretas para presidente após o fim da ditadura militar em 1985. Porém, não podemos fechar os olhos para a realidade: o caráter burguês dessas eleições. E o que seria isso? Simples; vivemos num meio de produção onde o capital prevalece e uma minoria (a burguesia) domina o poder existente em nossa sociedade, enquanto uma maioria (o proletariado) é explorada e se pega obrigada a vender sua força de trabalho em troca de um salário de miséria, enquanto essa minoria esbanja os lucros de um trabalho que não veio de si.
É esse meio de produção, o capitalismo, que vai fazer com que a nossa realidade seja dessa forma: 24 trilhões de dólares retirados dos cofres públicos, dinheiro que seria para a educação e a saúde, e foram usados para salvar banqueiros e monopólios da falência. Segundo a OIT (organização internacional do trabalho), 60 milhões de trabalhadores estão desempregados por conta da crise de 2008, maior crise da história do capitalismo, dês da queda da bolsa de 22, fora os dados que confirmam que 1,2 bilhões de seres humanos que vivem com fome.
Diante de tudo isso nos cabe uma reflexão profunda sobre o as eleições. Tais eleições não são nada democráticas, e que os comerciais que a TV transmite é na verdade uma maquiagem para esconder o verdadeiro sentido desse momento. Na pratica, ganham as eleições os políticos que tiverem mais dinheiro. De um lado os grandes candidatos possuem gráficas, empresas de marketing, jornais e emissoras inteiras a seu dispor, enquanto os verdadeiros representantes do povo dispõem apenas o “boca-a-boca” para divulgar suas campanhas e ainda tem que amargar um tempo mínimo em seus guias eleitorais.
Tal democracia é real apenas para a burguesia. Basta notar o discurso de cada candidato para perceber que há todo um patrocínio, acordo por traz de cada um; e é claro que essas grandes empresas não iriam investir sem esperar o devido retorno. É por esse motivo que não falam em coisas como socializar os meios de produção, suspender o pagamento da dívida externa nem muito menos a destinação de 10% do PIB para a educação, medidas que mudariam definitivamente a situação do Brasil.
Desse modo não será um novo presidente que mudará a situação caótica que vivemos. Para mostrarmos como a corrida eleitoral é de um caráter voltado para o capital citamos o exemplo dos três principais candidatos e os gastos que declararam ao TSE que iriam gastar durante esses dois meses de campanha: José Serra (PSDB), R$ 180milhões; Dilma Roussef (PT), R$ 150 milhões e Marina Silva (PV), R$ 90 milhões. Vale ainda lembrar que só de dívida externa pagamos por ano R$ 160 milhões por ano; mais tais candidatos possuem verba para bancar suas candidaturas milionárias.
Em contraponto a essa realidade alguns afirmam que o melhor caminho a ser tomado é o esquerdismo, da negação do voto ou até mesmo o voto nulo. Esse, sem duvida não é o melhor caminho; pois a melhor maneira de educar o povo em relação às eleições burguesas é por meio da conscientização. Exemplos de vitórias do povo contra a burguesia servem para mostrar que se o nível político das massas está elevado e que parciais derrotas a burguesia são viáveis. Foi assim no Chile em 1970 com a eleição de Salvador Allende, na Venezuela com Hugo Chávez , em 1998, 2002 e 2006 e de Evo Morales na Bolívia em 2006.
É claro que não será dessa forma que iremos banir de vez a exploração do homem pelo homem, único meio de, realmente resolvermos os problemas de nossa sociedade. Não adianta querem transformar a máquina da burguesia contra ela, nem tão pouco tentar derrotá-la, de vez, por seu próprio jogo, isso não passa de reformismo, e sobre isso já dizia Dimitrov, primeiro ministro da Bulgária socialista, que “para não nos enganarmos em política era preciso sermos revolucionários e não reformistas”, como tentam ser alguns partidos em nossos dias.
Nessas eleições está posto uma situação bastante clara: de um lado o tucano José Serra, representante da extrema direita e o do imperialismo norte americano, que se eleito irá aprofundar ainda mais as relações de dependência com os EUA e erguer novamente a bandeira da privatização, arrocho salarial, e repressão aos movimentos sociais, aos trabalhadores e a juventude. Do outro lado Dilma Roussef, que é claro, não fará o menor esforço para derrubar as algemas que prendem o Brasil ao capital estrangeiro e privado, bem como a submissão ao imperialismo norte americano.
Na prática, é claro que se José Serra ganhar iremos voltar a um abismo que já tivemos a chance de ver com o FHC durante oito anos. mas não será Dilma, Plínio ou Marina silva que irá por um fim a tudo isso. O único meio do país sair de vez do atraso e de toda contradição que vemos diariamente é por meio de uma revolução consciente, conseqüente e radical, onde o proletariado será realmente dono de seu destino. Cabem as mentes mais evoluídas a luta diária contra todo o argumento jogado pela mídia burguesa diariamente, como uma venda posta sutilmente em nossa população, e também a educação do proletariado através de uma teoria revolucionária, que é o Marxismo, ciência do socialismo científico, contra esse sistema arcaico, caduco, e ultrapassado, pois, como disse Che, “a melhor maneira de educar o povo é o fazendo entrar em revolução”.

Cloves Silva é estudante de letras da UFRPE, coordenador geral do DCE UFRPE e militante do partido comunista revolucionário (PCR)

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