Luis foi visitar o pai. Atualizar o velho sobre a quantas andam nossa literatura. O coroa talvez não goste muito, ou não esteja familiarizado com o uso dos tablets, smartphones, microtextos, hipertextos, e cada borrifador de palavras nesse universo onde uma pequena TV cabe na palma de nossa mão.
"Uma pulseira que decide por nós aquilo que faremos". Dirão. Imagine os dois, Luis e Érico sentados numa varanda direto da imensidão do tempo com nada menos que 50 anos de assuntos para tal atualização.
E como cronista tece sobre tudo, como não se falta assunto, seja a vizinha que me pede todo sábado, depois de tomar duas cervejas antes das 7 da manhã, pra abrir a porta do hall, ou seja sobre a inevitável queda do Sport Recife nesse ano de 2025, agora um pouco mais triste, um pouco mais sem graça, um pouco mais preguiçoso sem seu olhar astuto, seu Luis (permita-me lhe chamar de "seu", pra evitar o senhor).
Agora a nossa literatura fica mais triste, mais careta, menos audaciosa. Quem vai se meter a besta, ou meter-se a besta, de escrever crônicas entre telas e tetos e telhas e sobre gatinhos caindo dos telhados, sobre términos de relacionamento pelo telefone ou reclamando elegantemente do vizinho de cima?
Ninguém mais vai dar um de doido e se chamar cronista, seu Luis. Nem a IA tem condições pra isso. Nem o "chato" GPT teria tanta cara de pau. Perguntei à IA do Google "quantos livros o senhor tinha escrito" e nem ela teve a resposta correta. 60? 70? A internet não sabe nem dizer seu nome.
Deixa pra lá. Aproveita aí os assuntos atrasados dessas últimas 5 décadas. Mande um abraço pro seu Érico. Hoje ficaremos mais tristes. Amanhã rabiscaremos algum textinho assim, meio desajeitado.
Uma nova surpresa para todos nós? Quem sabe. Por enquanto é a péssima notícia da despedida e a homenagem.
Vai em paz, Luis Fernando Veríssimo .

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