Retrato das netas com a vovó. . .



No sofá de casa, reparo Alana e a pequena Dandara brincando de tirar fotos com o celular da mãe. Em menos de cinco minutos devem ter tirado (e apagado) bem umas 30 fotos cada uma. Lembro de como era diferente (e por diferente entenda difícil) fazer os registros alguns anos atrás. As coisas antes eram bem mais  difíceis, e não venham com esse papo de 'falsa nostalgia', exaltando que 'naquele tempo era assim e assado'.


Exatamente cinco anos atrás minha sogra partia. E calhou da data ser exatamente no dia das mães. E eu reparei agora que  eu não tenho uma única foto com ela. Interessante: a abundância e exagero das fotos hoje contrastam com a importância dos raros pedaços de papel coloridos que resistiram ao tempo todos esses anos.


Na sala de casa, uma outra foto se destaca, iluminando o ambiente.  Uma foto de minha sogra e Alana, anos atrás,  em uma das tardes de praia. Eu tirei sem querer a foto das duas brincando na areia. Em outro clic, dessa vez alheio, Dona Nice sorri entre suas três netinhas. Amava cada uma delas.


Dandara vai crescer estranhando essas fotos, desconhecendo seu centro ou remontando em sua mente as histórias da avó depois de ouvir as histórias.  Também não conheci minha avó.  Vi uma vez uma foto dela com uma de minhas tias. Um profundo rosto de mulher sofrida realçada pelos relatos de uma mulher batalhadora.


Antigamente os retratos relembravam dias candidatos a serem inesquecíveis.  Hoje, com o advento da tecnologia e a velocidade da Internet fazemos de tudo para fingir, maquear,  esconder quem somos, nesse turbilhão de informação continuidades.  


Ainda assim, mesmo a mais avançada IA  não vai ter como imprimir e copiar memorias.  Essas, por mais que sejam tristes,  é justamente aquilo que nos torna humanos.  

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