Já foi?




Resolveu não sair naquela noite.   Escondido, não apareceu nem para agradecer aos seus eleitores. . . Mergulhado em seu mar de arrogância, procura um novo golpe, uma nova teoria da conspiração, um apoio cego mas seu cercadinho vai ficando cada vez menor. O (in)brochável brochou. Numa tentativa alucinógena tomou um coquetel de Viagra, leite condensado e cloroquina mas a terra continuava redonda, a urna não seria mais de papel e a internet da Alvorada caiu lá pelas 22hrs. 

Amanheceu mordido. Olavo tinha mesmo razão? Nem a Jovem Pan iria lhe enxugar as lágrimas agora de manhã. Pensou em olhar o ZAP mas os robôs não eram programados para elogios. Faltou tinta na caneta, a mulher deixou de seguir nas redes sociais, foram sete gols da Alemanha. . . 

Iria perder o foro, ia perder o sigilo, 100 anos de solidão resumidos. Cadê a profecia do Silas? Temia a prisão, os processos que agora (talvez) viriam. Ainda assim bateu o pé! Não ligo! Apagou a luz, desligou o celular, trancou a porta do quarto. Seria jogado na lata de lixo da história, lembrado pelas centenas de caixões, as filas intermináveis na Caixa Econômica e as pilhas dos robôs deixariam de existir, num vergonhoso buraco de lixo que ele mesmo cavou. Só iria sobrar os palavrões e orgulho invisível. Inútil. Já estava morto, apodrecido, antes mesmo de 2018. Era melhor já ir. Nem as baratas chegaram perto naquela noite, naquele caixão apodrecido e abandonando pelos vermes e bactérias. Nem a morte lembraria dele daquele dia em diante.

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