Julinha, no alto de
seus recém completos cinco aninhos, teve que se submeter a uma cirurgia de
apendicite. Tão nova a menina, não? Pois é. Uma enorme tristeza triste. Um
susto para todos que tinham a quase certeza de ser Julinha uma bonequinha de
porcelana colocada delicadamente no meio da sala, sorrindo para todos e pedindo
a benção para os mais velhos. Socorrida a menina, diagnosticado o problema,
procedido a tal da cirurgia, Julinha estava curada. Livres das dores,
cirurgiada, após as horas de repouso e observação, a menina Júlia estava
liberada. Volta toda a alegria da casa e da família daquele pequeno ser que
mais parece ter saído de um desenho animado daqueles que passavam na TV aberta
em dia de semana. Uma semana depois, liga a tia, pra casa. Preocupadíssima com
a recuperação da sobrinha. Insiste em falar diretamente com o anjinho. Sim,
Júlia é a atendente oficial na casa de sua avó. E ela é perfeita telefonista.
“alô, com quem deseja?” e isso tudo com aquela calma que só se tem uma vez na
vida.
Liga a tia. Afobada. “Isso lá é coisa pra menino ter aos cinco
anos de idade?” bem que esse mal, ou
todo tipo de mal poderia pegar de vez o presidente. e não apenas o mau com “u”,
sabe? eu to falando do mal com “l” mesmo, aquele mal dom “l” de ladrão, “l” de
larápio, “L” de lixo... é isso que ele é! imagina: se o presidente não pegou
nem o coronavírus. É tão ruim que nem o inferno mais quer ele de volta. Júlia,
não. ‘juju’ já é um anjo que veio pra
essa terra pra trazer paz e sabedoria, pedir a benção e atender ao telefone. E
Julinha atende ao telefone. Segundo ela, seu único problema no momento é que
não está podendo pular. Seu medido lhe orientou evitar certas estripulias.
Pular? Nem tão cedo. Por enquanto, assiste suas séries, toma seu suco pontualmente
e faz um lanche a cada três horas por dia. O mundo é uma maravilha, garante Julinha,
que parece que vai sobreviver.
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