Nosso Oscar Jamais será vermelho...




Democracia em Vertigem não ganhou a estatueta de Melhor Documentário no Oscar 2020. Zezinho, com um litro de uísque na mão e vestido com uma camisa da CBF  quase chorou. Faltou bem pouquinho. O filme, que fala sobre recentes acontecimentos como o golpe militar de 1964, chegando até o impedimento de Dilma Rousseff não agradou muito certa camada de nacionalistas seletivos de nossa Pátria mãe gentil. O filme dividiu opiniões, mais por conta da polarização entre “pró” e contra bolsonaro e por aí vai. Mas pela primeira vez vimos um povo torcer para que um filme de seu país não ganhasse a premiação. Isso mesmo. A vertigem, movimento oscilatório, tontura, confusão, estava mais do que evidente nesse país dividido e time dividido não ganha copa nem coisa nenhuma.
Difícil mesmo é entender esse nacionalismo de plástico que se instaurou por aqui. A marca maior: as camisas falsificadas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A CBF por sua vez, não é lá um grande símbolo de nacionalidade, por assim dizer. Em 7 anos teve três presidentes afastados  por corrupção, enquanto os manifestantes de beira de praia, ou os amarelinhos,  ostentam suas camisas da Seleção brasileira e seus cartazes dizendo que querem voltar a ir para a Disneylândia. E tome gol da Alemanha. Um documentário é eleito para o Oscar, maior premiação do cinema mundial e a torcida é. . . contra! E fizeram a festa quando outro filme, que também trata de política, levou o prêmio.  É muita onda.
“brasil acima de tudo, deus encima de todos!” Esse slogan do governo do ‘biruliru’ foi substituído no Oscar para torcerem para qualquer um, que não fosse um filme mostrando que o país viveu um recente golpe institucional e um recém empossado presidente mentiroso. Desculpem-me a brincadeira, mas que nacionalismo paraguaio, chinfrim, duvidoso.        Quem falou mal do filme, taxando o mesmo de “discurso ideológico” não assistiu, não entendeu ou mesmo usa de má fé na hora de partilhar suas impressões. E tome gol da Alemanha. Parasita, que levou o prêmio de Melhor Filme do ano também, é um filme político. Coringa, xingado por certo seguimento conservador e acusado de ser um plágio de outros dois filmes, levou o Oscar de Melhor Ator. O filme, aliás, é também um filme político, mas a torcida e alegria de boa parte dos brasileiros-americanos-da Disney foi a vertigem do brazil estar fora. O Fernando Meirelles não foi nem citado. Se ganhasse seria chamado de comunista, lembrariam que ele ajudou em algumas campanhas do PT e que xingou recentemente o governo do dono do posto ypiranga.
Vertigem. Orgasmo. Tinha moleque na internet repetindo esse discurso de que os fatos apresentados no documentário era mentira. Ele ficou triste depois. Estava torcendo para o filme dos Vingadores. Parece que não viram a crítica ao processo de conciliação de classe promovida pelo PT e os erros seguidos de sua direção política. A ligação entre aquilo que houve em 2016 com o golpe de 1964 (que é inegável) parece fugir dos lábios e dos dedos desses defensores do ustra. E eu também vou protestar! Imagina você em sua praia no fim de semana e chega meia dúzia de riquinhos e pobres fantasiados de riquinhos, tudo com aquelas camisas falsificadas com o nome do neymar (grande exemplo) e as cartolinas pedindo a volta da ditadura, com aquele trio elétrico que ninguém sabe quem pagou, e tome barulho! No domingo, pra não atrapalhar o transito, pra não atrapalhar o trabalho dos outros, pra não impedir o direito de ir e vir das famílias.
-esse povo num trabalha não? Depois de uma semana de correria, um calor da bexiga aqui no Recife e vem vocês atrapalharem meu fim de semana, abafar meu Raça Negra,interromper meu banho de sol e meu mergulho leve parecendo mais que tem jogo da seleção. Esse nacionalismo com prazo de validade muito curto só me enoja. O presidente protegendo e envolvido com miliciano e a revolta nas redes sociais é com uma indicação de um filme. Sabe aquelas viseiras que botam nos cavalos e jumentos para fazerem carregar mais facilmente as suas cargas? É mais ou menos isso. Como outro disse um dia desses, gol da Alemanha. E segue o baile...  
                                                                                      




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