Não
há mais espaço para a Poesia.
O
Poema,
em
tempos de Facebook,
já
nasce morno, morto e
sem
o esperar.
-
“larguem as suas bandeiras”,
diz
o fascista em três idiomas,
“mas
o silêncio covarde das ruas, nada nos
dizem,
Nem
nos dizem nada”,
responde
o conciliador.
Porém,
quanto a mim,
Mas
vale a dor, como aquele passarinho
Triste,
E
se me vale a dor,
Se
me vale um tempo,
Mesmo
que da memória esquecido
Pelo
medo,
Que
seja o tempo de lutar.
Não
há mais tempo para o amor
Nem
espaço a Rebeldia;
O
Amar agora é vendido,
Produzido
em cápsulas como
Episódios
bandidos, planejados para não nos deixarem
Dormir.
. .
-
“tranquem-se todos dentro de seus lares!
Lá
vem a chuva e essa chuva mata”,
Diz
o jornal em sua primeira página
Mas
a fome não espera, e quem tem fome tem pressa
E
quem tem fome é bem-aventurado,
Dirão
os sonhadores vermelhos, com seus exemplos
de sacrifícios e boa vontade
-
não os ouçam!
Olha
a chuva de bíblia
Ou
de bala,
Que
tenta, a todo custo,
Calar.
. .
“As
melhores linhas serão letras mortas” caso não haja
Quem
as trace. . .
E
se não nos derem os outdoors
(Ah!
Os outdoors)
Iremos
aos muros
-
eles que também gritem,
Não
sussurrem,
Espalhem
nossa dor,
Registrem
nossos protestos. . .
Pois
se nos vale
Um
tempo
-
e esse tempo é um hoje,
Não
um “quem sabe”
Que
seja sempre um tempo de
Luta
Lutar
e vencer.
“Esse
é tempo de partidos, de homens partidos”
Tempos
de relógios e
Redes
e fakes,
Ignorância
e genocídio,
Mortes
no mangue, nos morros
E
na Amazônia
Mas
em nossa garganta
(ah!
em nossa garganta!)
Há
um grito que não se cansa,
Uma
canção que não desafina,
Que
não envelhece
Nem
se perde no tempo,
Seja
ele em que formato for. . .
Esses
anônimos não reticentes
De
rostos aparentemente simples
De
sorrisos frágeis e trajes
Rotos
e indulgentes ,
Esses
aí, se se calarem
Farão
milagres: pedras barulhentas,
De
poucos peixes e pães, banquete
Pois
se é de tempo
Que falamos
e
que temos que lhes valem,
diremos
ao algoz:
-
que seja o tempo de luta,
Do
infinitivo, da terceira, quarta, quinta pessoa. . .
O
tempo sobretudo do nós. . .
Pois
se nos vale um tempo
Por
mais curto que seja
Por
mais curto que pareça
Que
seja o tempo de
Lutar.
. .
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