Era um dia Cinco...





Era dia 5 de um mês cinco, às 5 horas da manhã. Os jornais noticiavam algo novo. Bem mais novo que a outra novidade de ontem, que hoje já não era mais novo, pois já era velho, devido o novo que era hoje. Um novo que amanhã será velho, e assim seguindo. A camisa velha, desabotoada até o quinto botão, a mão doendo de tanto cortar cana o dia inteiro, e a lembrança da doença, que já levou o filho mais velho, e hoje ameaça o Quinto filho, o mais novo, e a mulher, nova, porém velha: tuberculose, gripe, dengue, desnutrição... A vida passava breve naquela região. Uma vez perdida aparecia à bendita Celpe, a conta d’água, a prestação da antena da TV e da padaria. Era uma vida um tanto cheia da rotina, e a rotina pode matar se não for vencida com algo novo.
Era dia 5, começo de mês. Dia 6 é dia de pegar a aposentadoria, pagar as dívidas do mês passado, começar mais dívidas e viver no sufoco nosso de cada dia que nos dão hoje. Mas, naquele dia 5 alguma coisa mudou seu rumo, aprumou seu sorriso, lhe fez pensar que a sua vida sofrida de brasileiro honesto poderia, quem sabe, mudar... Uma folha de jornal, trazida pelo vento, estampava a notícia: “O Brasil é a 5° economia do mundo”.

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