Ainda é Cedo, Amor...




Não bata a porta ao sair à tarde. Deixe a luz acessa, feche bem a geladeira. Lave os pretos que você usou, ontem, à noite, quando chegou tarde. Eu sou o culpado por essa verdade, essa falsidade, esse olhar pros lados, esse usar atalhos, esse não encarar? Eu chegando cedo e você saindo tarde. Se for para dizer alguma coisa, mesmo que seja nada, escutarei. Lembro de te ver brincar, sem males. Agora tudo feneceu. Qualquer dia desses tudo vai ser saudade. Você vai ensinar, mesmo sem saber, o caminho de casa a teus donos da cidade. Vão invadir a porta, exigir vaidades, vão te destruir.
Eu aqui, no fundo, vendo te consumir os vícios, sem punho e sem lacre, fenecendo teu sorriso, milagres, vendo ir para longe teu rosto antigo, aquele amor puro, aquele sangue doce, aquele realidade clara. Não bata a porta ao sair, à tarde. Ainda é cedo. Deixa te contar histórias, me deixa tocar um samba no violão, uma valsa doce, uma modinha, deixa eu te fazer dormir como fazia. O mundo lá fora é tão grande; não sei se vai aceitar te dividir. Ainda é cedo, amor...

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