Um outro Rio...




Ai eu pensei que o Rio era meu. Que nada! O Rio era de Janeiro e Janeiro não é de ninguém. Agora, quase sem querer, me perdia e me achava várias e várias vezes, mesmo sem estar perdido. A cidade é bela, impressionava. Quase perdido Caymmi proseava. A imagem de um gigante ali, quase sem brilho. Perto dali outra imagem, essa badalada: Drummond. Queria fazer uma disputa pra ver quem ganhava em números de fotos. Drummond levando sol o dia todo. Não dão trégua aquela cabeça cansada.
A Rede Globo escondeu a sujeira das praias, o perigo das ondas, a violência dos morros pacificados, o paraíso proibido que a novela não mostra. Lá as coisas não são assim tão azuis. A impressão vendida foi ainda mais cara. Poesia mesmo é retirar o bonde e erguer um novo arranha-céu novo. Quem paga o troco desse fato consumado? Fatos e fotos que não passarão no domingo à tarde ou dias de chuva. Um dia o carioca vai dizer o que fazer com esse lugar que hoje não é seu. Um dia o samba vai estar longe do turismo sexual escondido, não seremos conhecidos lá fora pelo peito e bunda, a copa ou a visita do papa não serão motivos para invadir a favela e deixa-la na paz pela bala. Um novo Rio. Limpo da sujeira e da imagem que ele não pediu pra si.

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