Aquela música dos Paralamas




Eu gosto da chuva. Gosto, pois a acho, de certa maneira, meio tristonha. Acho-a realmente triste. Como um amante solitário sem seu porto seguro, como eu sem você em um dia de domingo, segunda, terça, quinta, sábado...
Eu gosto da chuva e olho a lua. Incrível como é bela sua magia; não há outra como a do sertão; parece que ela dissolve todas as apatias. Ela e a chuva. As duas juntas, num fim de noite em uma rua escura e vazia. A lua daqui é outra. Às vezes causa perguntas: quem a fez assim? Onde é seu mundo? Qual é o seu guia? Quem deixou você sozinha numa noite dessas? Ela parece estar nua, com a cara no mundo, brigando com as estrelas. Tem dias que ela está silenciosa e tristinha, tristonha (dia de chuva). Mas todo dia eu queria poder te ver. Agora o céu está mudo, apareceu o vento, e um vento muito bom, apareceram às nuvens. Como são espertas e maliciosas essas menininhas. Sacam de tudo; gostam de aparecer quando não se esperam. Outro dia molharam o vestido novo de uma noiva, todinho. Ela ficou triste? Que nada! Deu uma risada, levantou as mãos pro céu e agradeceu. Estava feliz, mesmo que por aquele momento. Agora, me parece, tá querendo chover. E tem um fio de cabelo seu, pendurado, propositalmente, na parte de dentro da porta do banheiro de nossa casa. Fui eu quem o colocou? Foi você que o esqueceu? Ou foi o vento, a chuva a nosso favor?
Amanhã é dia de chuva. Não é bom ficar assim tão só "Tendo a Lua"...

Comentários