Coisas Que Agora Entendo








Eram três rapazes, amigos, universitários. Não sei você, mas, na minha cabeça, sempre imaginei que a universidade era outro mundo: todo mundo inteligente, educado, culto. Eram três caras que, diziam, saber de si, dominar suas vidas, saber de seus costumes. Eram três estúpidos completos, com vergonha ou receio de entrar no banheiro, só por ter ali outro homem, um jovem como eles, só pelo fato desse outro homem ser homossexual. Três estúpidos, comentando sobre a mulher do amigo, bebendo pra bater na primeira menina que lhes aparecesse, cheirando tudo pra curtir o show, pra entrar na dança, não ficar de cara. 


Eram três lindos e saudáveis filhos de advogados, do tipo “falso popular” que não excitaram em bater no pobre menino, espancar o coitado até sentirem exaustão. Podiam fazer aquilo. Estavam quase acostumados. Os pais pagavam a conta depois; calavam a boca dos policiais, dos professores, dos traficantes, das prostitutas e da televisão.
Três “playboys” que não passaram meio dia sequer na delegacia. O pai do mais novo (dezessete anos) veio buscá-lo. Ele quebrou um braço de uma senhora, arrombou um portão de uma escola, furou um pneu de uma ambulância, mas não sofre quase nada. A culpa, definitivamente, não foi dele. Quem fez aquilo foi um “favelado” qualquer. Absurdo? Daqui a três dias ele vai morrer de overdose. O pai vai pagar uma nota no jornal mais lido da cidade dizendo que foi uma doença rara. Provavelmente seu nome vai ser o nome de uma escola qualquer. Três rapazes que precisam de “conselhos”. Três filhos da puta que estão soltos nas ruas, procurando qualquer brinquedo pra satisfazer seus torpes desejos de espancar, chutar, matar e queimar, só pra chamar a atenção do pai e da mãe que passeiam nos Estados Unidos.

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