Escurece. Dormimos. Ao amanhecer notamos algumas perguntas saltando dos sonhos, estranhas e inquietas reflexões sem razão, medo, noção. Paramos. O que o mundo nos fez? O que fizemos do mundo? O rosto transforma-se aos poucos em algo novo, diferente, monstruoso: homem, máquina, sonho. Até ontem aquele nosso pequeno universo cabia, calmamente na palma de nossa mão. Agora tudo parece confuso. O corpo não obedece, a voz não deseja sair, o mundo agora é grande e misterioso. Escurece. Nos olhos, ainda estranhando o espaço ao redor, tudo é angustiante.
Escurece. Sonhos de dominar o mundo. Mas tudo passa; nada é pra sempre. Tá vendo esse mundo que agora escapa pelas suas mãos, em seus sonhos, seus mundos? Ele também escurece; se vai como o vento; não sabemos de onde vem, nem pra onde vai. É assim o mundo: grande demais para caber na palma de sua mão, pequeno para ser tão disperso. Escurece. Amanhã vá salvar sua vida, vá dominar o mundo, adolescente.
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