Mesmo que mude...

O telefone vai tocar e ele não vai dizer ou explicar absolutamente nada. Vai suspirar ao telefone, marcar algum passeio, uma visita ao dentista, qualquer coisa assim. Mais ela vai ligar. Dizer que esqueceu seu nome, apelido, sobrenome. Só lembrou-se do número e da palavra “amor”.
–“vamos falar ao telefone durante alguns minutos; gastar os meus/seus créditos, dizer palavras de duplo sentidos, todas elas ditas de modo peculiar?
Alguém vai ligar. Ligar de tarde pra dizer “bom dia”, pegar o telefone, ficar olhando ele durante horas sem saber, vai mudar para admitir que fraquejou em não ter se explicado, nem por ter dormido, vai dizer que naquela tarde a ligação caiu, que o crédito acabou, foi à operadora.
-As operadoras não nos querem ver unidos nem juntos.
-“minha operadora não parece com você; nem a minha com a sua.”
-“já é tarde, vou descansar”.
Tudo vai acabar bem tarde. Tudo vai passar mais tarde. Amanhã, domingo.
-“posso passar ai?” nada marcado, dia acordado, te ligar de manhã. E se não tiver crédito? Usa um orelhão! Mas vai ligar sim. Pois, “é sempre amor, mesmo que mude”...