Certas coisas, com uma lente de aumento por sobre os olhos...





Mesmo com o passar do tempo não me acostumei ao alucinado ritmo da multidão. As cidades grandes, em dia de semana, parecem formigueiros. Isso aperta meu coração. “Pra quê tanta perna, meu Deus?” mas a multidão não responde. Agora seguem...
Tudo se transforma com o formato da chuva, e os homens correm...
É mais um dia de exploração desenfreada do patrão. E isso ocorre quase religiosamente. Correm de dia para não se atrasarem; a noite, correm para encontrar alguma coisa que preencha seu coração, ainda programado pelo relógio do patrão. O patrão pode chegar atrasado, dormir até mais tarde, reclamar do transito caótico de toda cidade.
Não me acostumo com o ritmo da multidão. Vejo a indignação na fila do banco, a lentidão das filas nos bancos, a calmaria quase monótona na casa alheia, e o passar vazio dos dias e dias. A moça do caixa é despenteada, amedrontada e triste. Queria sair dali e viver, um pouco, mas não consegue. Seu pai morre numa outra fila longa, a do hospital. "É proibido pensar", diz o cantor, e eu acredito. Pensar é perigoso, mas insisto...creio que eles se levantarão...

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