Epífita...








A voz da minha professora me fazia lembrar uma cantada bem brega. Me irritava ouvi-la, vê-la, senti-la passar. A voz da professora me parecia um berro triste, um vago silêncio jogado no rosto daqueles que insistem não pensar, não saber. Eu passei. Viciado em palavras berrantes, tornei-me diverso. Lágrima e ventania. Poeira, soneto de sangue caindo firme em cada par de linhas. Métrica e rima.
A minha professora não me permitia lembrar aquela epífita que vi, outro dia, no meio daquele tortuoso e odioso caminho. Hoje acho que ela me evitava os pensamentos vagos, a sala de aula vazia, todas as aulas chatas que me pesavam a cabeça, minha estrada escura, à volta pra casa a todo vapor, a todo som, a Catedral tocando bem alto a meu ouvido e eu sorrindo feito um besta, pensando em Maria, Joana, Tereza, Cristina, Amália, Amélia, Joana e titia. Como eu queria bem aquele mundo.
A minha professora me ambicionava a pensar sempre: críticas de textos que não leio não gosto, não possuo nem desejo. Ela me espreme com dúzias de páginas que não me servem nem me vejo. Acho que ela me persegue. Ligam chama baixinho meu nome ao vento. Ela me enche o saco. Estraga o meu sonho poético e constrói outros. Minha professora me enlouquece, me nega mil beijos. Vou mandá-la pra lá, voltar a minha rotina de antes do tempo.E a minha professora que se dane.

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