Antes de um dia qualquer...





Ano novo é dia para se fazer promessas vazias,quase tão vazias quantos os dias de Janeiro, Fevereiro, Março...dia de inventar mentiras pra não sentir saudades. Esconder o tédio de quem sempre passou todos os dias do ano, sozinho, dormindo, bem triste. Dia também de abraçar amigos, os cachorros, os vizinhos, a namoradas, as namoradas, e até aquele alguém que nunca lhe falou, e ainda pisou no seu pé em plena madrugada. Ano novo é dia de bêbados e fogos, música alta, praia. Dia de lembrar aqueles que se foram, aqueles que nos deixaram,se mudaram, se mudou. Dia de presentes, beijos e rimas. Esquemas preparados dês de sempre, lágrimas e remorso disfarçadas em poesias. Noites tão iguais e diferentes.
Procurar, talvez, um amigo que não veio pra festa, um colega que se esqueceu de ligar, aquele tio que mora distante, o irmão que se esqueceu de abraçar, algum confidência na sala de jantar. Ano novo é tempo inevitável para falar em saudades. Tinha um cachorro que vinha melar minha roupa nova, branca, aquele sobrinho que foi tão aguardado, aquela menina que me ofertou o primeiro beijo, a professora da quarta série, o melhor amigo tocador de violão e até aquele mané que encheu a cara e agora fica dizendo que “alguém” vai deixá-lo.
Ano novo. Dia de refazer a refazenda, colher esperanças pelo chão de giz, jogar tudo pro alto sem lembranças tristes. Quem fomos, somos, seremos? Ver o show da virada, esnobar aquela fulaninha que só se preocupa em mostrar o seu vestido novo. Ano novo. Muita coisa. Coisa que vai, coisa que vem. Filmes novos, amores antigos, novas brigas e mais escândalos. Talvez meu time até melhore esse ano que vem, minha professora preferida pare de fumar, e eu consiga um novo amor, um outro amor, um novo amor, que o meu já tá meio gasto igual meu violão. Para meus amigos, nesse ano novo, juízo, e que se perceba que, apesar da festa ser todo ano no mesmo lugar, nós mudamos; agora somos um bando de velhos e chatos (como nossos pais).
Ano novo. Quero ouvir minhas mesmas músicas, sentar naquela velha cadeira, e descobrir, quase sem querer e sem medo, por qual motivo você não veio me ver. Ano novo. Eu quero mesmo é que vá se...

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