E no fim das contas, Moska é quem tinha mesmo razão...




Tudo virando poeira no espaço, escuridão negra e louca, sombria, lunática e notória e você insistindo em me ver fantasiado de palhaço. Eu, mal maquiado, satisfazendo cada desejo egoísta seu, trazendo tudo de volta para mim, de seu distante mundo, onde uma gargalhada vale quase uma eternidade de agonia, intriga e solidão.
O mundo se acabando e você me sorrindo, contando a mesma piada sobre o arrebol, e o tempo passando calado, nós dois aqui nesse quarto, você insistindo em me fantasiar de super herói para acudir seus anseios, recolher os seus abraços antes de amanhecer o dia e não houver bebida alguma no mundo que te faça sorrir e chorar.
Eu juro que seguiria o caminho se soubesse onde levaria. Você vai de todo jeito e ainda assim me volta sem dizer coisa alguma, oferece umas desculpas, parece não ser. No teatro da vida vive de improviso, esquece seu papel, perverte a minha fala de coadjuvante, me coloca de vilão, figurante, diz que o mundo é que é cruel e que a culpa é toda minha e sua.
Não dá pra entender.
Tudo virando poeira, se resumindo num imenso abrigo subterrâneo que já não cabe nós dois. Luz, certeza, calor: palavras que já não dizem nada no tosco encontro de nós dois. A seta, o alvo.
O Moska é quem tinha mesmo razão. Ele e todos os poetas que me avisaram do triste dia do fim, da inevitável escuridão.
Tudo virando poeira: caneta, pensamento, palavra e palavrão. Tudo. Menos a piada do arrebol, que até hoje não vi graça alguma nem nunca entendi.

Comentários

  1. Porque ele tinha razão? Porque o alvo na certa não me espera? Prefiro não comentar.

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  2. Ele tinha razão por causa de toda sua poesia!
    O Moska é um poeta!

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