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Palavra: imensidão desconhecida, profunda, luz. Ao mesmo tempo toma o universo e cabe, quase que sem motivo aparente, na palma de nossa mão.
Poema: animal livre e arisco. Foge ao sentir o cheiro da prisão e do perigo. Corre livre pelos campos do pensamento, lugar de onde devia ter saído. Nós que inventamos de prendê-los nos livros. Não pedimos nem sua permissão.
Poesia: aquela noite chuvosa que se encontra lá fora. A madrugada fria e misteriosa. O frio sem o abrigo ou o aconchego de um abraço.
Poeta: descobridor de palavras, domador de sonhos, decifrador de enigmas e emoções, caçador de letras na terra dos pensamentos. A ele não cabe mais o vaguear distante, o ar superior dos que se julgam melhores que os outros, nem a observação vaga, melancólica e inútil do “estar no mundo”. Já não há espaço vazio para a alma do poeta, poeta verdadeiro, que está no povo, filho do povo, que busca sua inspiração e seu sustento no povo, e escreve/transmite/traduz as dores e as angustias, os sofrimentos e as esperanças do mesmo.
Povo: a dor é real, o sonho é real. E é incrível a dor de quem tem um coração vazio. Mas eles prosseguem avante. Dia após dia. Construindo edifícios, fases e pontes. Alimentando aqueles que um dia serão totalmente destruídos. Teus olhos que ergueram as muitas casas que hoje não são tuas, verão teus filhos nas ruas, lutando. Será lindo. Será sonho? Sigamos. E tudo veremos. A palavra em ação, o poema nas mãos, a poesia de então, o poeta com os pés no chão, e o povo nas ruas. A maior demonstração de arte e de luta que todos os nossos parcos livros não viram, e se viram, se esqueceram de nos contar, por estarem na escuridão. Isso, nunca mais. Sigamos.

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