Meu violão indiscreto e Janaína...




Meu violão calou-se
Brigou comigo
Cansou de cantar
Os amores que
Tive e desafinou,
Por raiva,
No ultimo acorde
Que dedilhava
Para Janaina.
E ela veio do mar
Deusa do Sexo
Do amor
E da beleza
(e por que não
Da orgia?)
Veio do mar
Com aqueles
Nítidos pares
De peitos
Perfeitos
Coxas e olhos
Tão claros quanto
A luz do dia
E eu me calei
Me reduzi
Parei de sonhar
E de fazer poesia.
Janaina era
Minha fonte inesgotável
De desejos
Caixa de Pandora
Cheia de futuros
Beijos imaginados
Sem precisar de força
Ou nervo, apenas no fechar
Dos olhos,a simples escuridão.
Ela era um segredo
Em cada milímetro
De seu "corpão"
E me parecia eterna
Beleza juvenil tão
Passageira quanto
Dominadora e eu,
Um fraco, com um violão
Calado e um nome de
Princesa doce na boca.
Meu violão calado
Perdido de mim
E com raiva do mundo
Distante por eu ser
Poeta, indignado por deixa-lo
Só e na solidão.
E eu feito um besta
Observando silenciosamente
Uma foto dela, a bela.
Meu violão brigou comigo.
E sua raiva é séria.
Traduziu meus versos
Em três pobres acordes dementes
E me deixou na mão.
Não entendo...
Janaina passando
Pela minha rua e eu
Insatisfeito por
Não falar um “C”, um “B” ou um
“E” sequer,
nem no pensamento.
É Janaina.
Janaina e seu corpo cheio de mistérios
Deliciosos.
Janaina e seus olhos que
Não me olham,
Não perseguem a bruma,
Não me deixam quieto
Nem esquecer.
Janaina “gostosa”. Eu, um fiel indiscreto
E um violão que não me ouve,
Não me diz, não traduz em “C”
Nem em “B” essa minha
Cantiga imperfeita: Janaina.
Janaina, que nem nos
Sonhos tenho
Coragem de dizer-lhe um oi,
E ela, passando no sonho, na rua,
Na foto, por mim.
E eu revirando os olhos,
Desejando seu perfume,
Vendo meu violão indo
Atrás dela, indiscreto amigo,
Sem se despedir de mim.

-como o amor é ingrato.

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