Ao conselheiro mais velho








Observo, às vezes, meu irmão mais velho: sentado, cuidando de seu primeiro filho ainda pequeno, enquanto escuta em seu celular musicas de nosso tempo. Ele deve estar cansado, imagino, mas conserva o sorriso. Acho que ele deve pensar que aquele não devia ter sido seu destino, e recordo com um bobo questionamento: por que ele nunca me deu uma bronca e agiu desse mesmo jeito?

Ele sim, sempre foi equilibradíssimo. Queria ser como ele: “Calmo, sereno e tranqüilo”. Antes, sentávamos e via-mos desenhos. Duas crianças no meio de uma feira imensa, escolhendo brinquedos, ou fugindo da escola, como fizemos em nosso segundo dia de aula; hoje, dois adultos perdidos, indefinidamente, na correria da vida, levados pelo tempo. Analiso as condições de ser jovem, casado, pai, e ainda ter que sustentar um emprego num país tão desigual como esse em que vivemos.

E lá está ele, que me aconselhava a cada instante, a todo tempo, sem nem eu mesmo estar atento: sentado numa cadeira, ouvindo as mesmas e boa músicas daqueles velhos tempos e sorrindo. As mesmas risadas de sempre; os motivos é que são outros. Os motivos na verdade nem importam. Os sorrisos, esses sim, perduram, traze consigo cada lembrança. Meu conselheiro mais velho. Seremos assim pra sempre: nossas histórias, gargalhadas antigas e as velhas músicas de sempre. As músicas e o amanhecer de um novo tempo.

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