Esotérico













A capacidade de se reinventar de um artista sempre me chamou a atenção. Há quem se julgue muito sábio e tente remodelar algo já definido, trazendo com isso desastre e confusão. Certas obras devem permanecer intactas, cabendo apenas a seu criador o direito de as renovar.

Assim me recordo do grande álbum do Gilberto Gil, “Unplugged”, lançado em Abril de 1994. Ainda era garoto quando assisti, em algum lugar, a faixa “esotérico”. Acho que foi a primeira vez que tive a curiosidade de imaginar como seria subir em um palco, tocar um violão, cantar algo que ficasse na cabeça e no coração de todos.

Ainda hoje me surpreendo a revisitar tal obra. Cada visita uma nova descoberta; coisas simples que passam quase que desapercebidas, mas que no somatório final do trabalho determinam muita coisa.

O próprio Gil chegou a comentar que “pela primeira vez havia ensaiado rigorosamente, para produzir as sonoridades do disco”. O resultado é espantoso: versões nunca antes imaginadas e que dispensam comparação. Músicas como “A novidade”, ”tenho sede”, “sampa” e “Drão” num estado bruto de aceitação.

E do lado de cá da televisão, um garoto mede seu destino, se imagina atraído por toda luz de um “palco” iluminado, um “expresso” para qualquer lugar do espaço e uma imensidão. “Mistérios sempre há de pintar por aí”...

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