O educador e o dentista (breve rascunho).

O educador vai ao dentista, remediar um incomodo. O dentista, frio, quieto e educado o cumprimenta. Sala limpa, cheiro de ar e tudo muito organizadinho, no lugar, sem barulho. Pensa agora porque não optou por seguir essa careira. Os minutos seguintes são hostis e incompreensíveis: o nome do paciente, definição de alguns sintomas, e, logo em seguida, a anestesia e o fim.
- “Abra bem a boca!”.
-“assim?”
-“muito bem!”.
A relação é tão monossilábica e indiferente que chega até parecer outra realidade distante. Naquela cadeira malvada, aquela luz assustadora, o barulhinho nefasto que faz aquela maquininha, não nos faz, no momento, pensar. Chega a ser desesperador.
Daí vem um relance, de repente. “Até que ponto essa relação paciente/médico, aluno/professor estaria relacionados?”
Certamente é algo a ser pensado. De que modo nos assemelhamos a esse profissional tão temido? O paciente entra, senta na “cadeira de tortura”, ouve duas ou três recomendações sobre o que se deve fazer, e só depois das ultimas indicações sobre o que não e o que se deve fazer, ele segue, como se tivesse levado aquela surra, sem saber o caminho de casa direito, e sem pensar nas marcas que lhe ficaram.
Semelhantemente o aluno e a sala de aula, muitas vezes vazia, vaga.
-“Abra o livro naquela página!”.
-“assim?”.
-“muito bem!”.
E segue os medos...

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