Do homem do mangue ao homem do morro...



Nossos discursos

Estão repetidos.

Falamos muito

Ouvimos pouco

Tapamos demais nossos

Toscos ouvidos.



Todos partidos

Estão falidos.

O teórico

E o prático

Foram divididos.



Escutamos aquilo

Que queremos,

Falamos ditados

Já ditos,

Fechamos os olhos

Para tudo
que é devido.

Do homem da lama

Ao homem do “antigo”,

Da paisagem do mangue

Ao asfalto embutido.



“Da lama ao caos”,

Da lama a lama.

Do homem do

Mangue

Ao homem da

Gravata

Que engana.



Do caos ao caos,

Do caso a cama.

Nossos melhores

Momentos foram

Despedaçados,

Jogados de casa

Pra fora,

Enganados feito

Crianças.

Mas “um homem

Roubado nunca

Se engana”,

Se compra?

Se vende?

Se cala?

Se ganha?



Um caranguejo

Com cérebro

Passou aqui

E deixou

Uma mensagem

(que o vento

Levou?)



Do homem do mangue

Ao homem que

Dança.



Trocaram as

Batidas da

Alfaia pela

Música eletrônica.



Hoje já

Não dizem

Nada,

(só lembrança).



Todos iludidos

E iludindo.

Vamos as ruas,

Fechamos

Meia estrada,

Corremos aos

Povos,

(as massas).



Falamos meias

Verdades

Equivocadas,

Dormimos de madrugada,

Lutamos

Com palavras

Que não dizem

Nada

(só fachada!)



E onde anda

O homem

Do mangue,

Do verbo,

Do nada?

Nossos discursos

Foram escolhidos,

Nossas posições

Compradas,

Saímos as ruas,

Aos montes,

Sozinhos.

Somos hipócritas,

Mesquinhos.

- a quem queremos

Enganar?

As crianças?

Homem do mangue

Onde você

Anda?

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