Educação atual: Prontidão. (Rascunho)


A educação Brasileira vive hoje um grande abalo em decorrência da crise econômica mundial de 2008, crise essa que o governo insiste em dizer que não atingiu nosso país, mas que na verdade está sendo mascarada por uma propaganda de crescimento e desenvolvimento, quando de fato o país se desenvolve as custas da exploração de milhões de trabalhadores e do oportunismo de multinacionais, que visam encontrar em nossa terra novos campos de exploração.

Os cortes na verba da educação se tornaram tradição; esse ano o governo cortou 50R$ bilhões da união, desses, 3 foram da educação. 10% a menos no orçamento das universidades federais. Como se não fosse ruim o bastante, esse dinheiro é revertido para garantir que banqueiros não sofram com a crise. Na prática, estamos “pagando o pato”, contraindo uma dívida que não fizemos.

A realidade da juventude brasileira é preocupante: temos apenas 13% dos jovens na universidade. Desses, 88% estão nas faculdades privadas, o restante dos jovens estão ou a mercê da máfia dos cursinhos pré-vestibulares ou no mercado informal de trabalho. O novo ENEM (Enganação Nacional do Ensino Médio) deixa todo ano além de milhões de jovens fora do ensino superior, e milhares indignados com o SISU. Temos em Pernambuco um dos piores pisos salariais do País e nossas escolas são cada vez mais sucateadas, e ainda há a tentativa de privatizar o ensino público com as chamadas “escolas de referencia”.

Com um PIB de 4,7% para a educação vemos o descaso com o ensino, mais uma bandeira para época de eleições e só. Outro dado importante é a apresentação do Brasil frente a outros países. Na última avaliação da ONU sobre educação com a participação de 65 países, o Brasil ficou com a 53° posição. O IPEA (instituto de pesquisa economia aplicada do governo federal), afirma que cerca de 50% dos estudantes não conseguem concluir seus cursos por não terem condições para se manterem nas instituições de ensino superior. Traduzindo: A assistência estudantil e tudo que está relacionado ao ensino no país estão defasadas.

A incoerência do discurso governista cai por terra diante dos dados apresentados pelo próprio governo. Programas como o REUNI são insuficientes quando se trata de expansão universitária. Criam-se vagas, erguem-se prédios, mas não se investem em laboratórios, professores de dedicação exclusiva, negligenciando o tri-pé ensino, pesquisa e extensão, fazendo que unidades de ensino se tornem meros aparatos políticos para serem lembrados em época de campanha.

As unidades da rural são um típico exemplo dessa realidade: a UAG, que já tem mais de cinco anos, mas ainda não possui salas suficientes para todos, assim, improvisam salas de aula em auditórios ou salas de professores. Em Serra Talhada as obras da unidade já comemoram aniversário, enquanto a sede inaugura prédios novos sem ar-condicionado, ventiladores, água ou quadros para escrever. É dessa forma que os novos estudantes são recebidos em nossas universidades.

Outro debate que se apresenta em pleno começo de ano é o plano nacional de educação (PNE), projeto do governo que visa aumentar gradativamente nosso PIB para o ensino de 4,7% para 7% em 2020. Um aumento de 2,3% em 10 anos. 2011 se mostra um ano de desafios para os estudantes e para a juventude. A luta pelos 10% do PIB para o ensino é uma bandeira mais do que justa. O questionamento das entidades estudantis é mais que uma obrigação da base dos estudantes. Qual a posição da UNE e da UEP sobre o assunto? Quais lutas estão sendo travadas em nossos Das, CAs ou DCEs? Como explicar o fato da UNE não lançar nenhuma nota sobre o corte de verbas para a educação?

Somente com muita mobilização e luta é que vamos conquistar nossos direitos mais básicos. 2011 é o ano da UNE e da UEP voltarem ao curso da luta, as bases do movimento estudantil verdadeiro e conseqüente, dos estudantes, livre de acordos políticos ou preso a gabinetes eleitorais. 2011 é o ano de fazermos uma profunda reflexão sobre a situação de nossa universidade e sociedade, nos colocando como verdadeiros protagonistas na conquista de um ensino verdadeiramente de qualidade e para todos.

As grandes mobilizações ao redor do mundo mostram o quanto à juventude é capaz de intervir no rumo da história. Uma universidade como a rural, com um RU entre os mais caros do Brasil, péssimas condições de ensino para os estudantes e professores, laboratórios defasados, um número reduzidíssimo de bolsas ou projetos de pesquisa, a falta de professores, e uma série de outras faltas, deixa claro que não há alternativa: “ou nos organizamos em torno de nossas melhores propostas ou assistiremos o bonde passar”. É hora dos diretórios e centros acadêmicos se colocarem na vanguarda daqueles que irão modificar profundamente a história de nossa universidade. 2011 é um ano de muitas lutas e de bastantes vitórias.

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