Quatorze de Dezembro de dois mil e sete



Então éramos nós donos da vida e da canção, naquele palco iluminado numa tarde de 14 de dezembro de 2007. Meras crianças, brincando de desafiar a eternidade, encantando outras crianças que esperavam o momento do fim, e com o coração na mão, batiam longas, intermináveis palmas. Éramos nós ali, uma família, um suspiro que se transformou, ao mesmo tempo, em dois sonhos, dois caminhos, que, de forma alguma imaginávamos: a eternidade e a saudade. Eternos por estarem ali, saudosos (ou culpados?) por lembrarem. Crianças espelhando, refletindo a sombra do que ainda não chegou a vir.
Naqueles 14 de dezembro de 2007 brincávamos com a expectativa, com o vibrar do público, e como de costume, nos abraçávamos, nos esquecendo que aquele seria nosso último dia com gosto de adeus. A Alciene foi a primeira a notar que, como na vida, no palco o tempo também passava; aquele espetáculo não duraria uma eternidade, mesmo que nos esforçássemos e déssemos nossas almas. E foi exatamente isso que se apresentava, se cobrava se rendia naquele alegre e inesquecível 14 de dezembro de 2007.
Aquele dia tão feliz e ingrato, diferentemente de tantos outros como aquele, terminou em lagrimas. Onde tinham se escondidos minhas toscas piadas? D o Will, estava em silencio naquela tarde? Que milagre havia ocorrido logo nuns 14 de dezembro de 2007? Devo voltar um pouco antes, antes de nos olharmos sérios pouco antes de entrarmos em cena, e alguém (não sei se por acidente) lembrar que aquela seria nossa ultima apresentação. Eu, em meu clima eufórico nem desconfiei.
Os ânimos já não eram os mesmos. Amanha teríamos que nos despedir, de vez, de tudo. Pensávamos. Éramos apenas crianças num palco iluminado, cheios de sonhos e esperanças. Posso não precisar as palavras, e até por não se ter muito que se dizer naquele momento. Olhamos-nos meio de lado, brincamos; éramos ainda uma grande família, sustentávamos ma grande certeza de que o dia não iria terminar por ali. Eu, o Deuel e o Will ainda teriam que levar a Alciene em casa; na volta, comer um pastel com guaraná do Amazonas, na barraquinha da esquina, andar a Pé cerca de uma hora, fazer isso com nossas roupas engraçadas, cabelos bagunçados, malas e sorrisos no meio do caminho, até chegar à casa mortos de cansaço e felizes por mais uma vitoria, uma batalha, um dia.
Definitivamente tínhamos que subir naquele palco. Lembro nitidamente dos olhares de cada companheiro Do “GuimaArt”. Aninha soluçando, Nina tentando não chorar, Adriana se desmanchando em lágrimas e a Flávia procurando alguém para abraçar. Mas isso foi depois; depois de descermos daquele palco/mundo/iluminado e tão nosso. Isso foi depois de termos feito a maior e melhor apresentação. Sabíamos que aquele 14 de dezembro de 2007 seria um dia para se durar uma eternidade.
Ainda hoje, ao subi, uma vez perdida ou outra, em qualquer palco da vida, lembro daquela tarde. Fico rindo comigo feito um bobo. Por mais que o tempo passe e mudemos com ele, ainda seremos aquelas mesmas crianças, que naquele exato momento eterno, não possuíam nome, idade, tamanho; eram tão presentes quanto à certeza do amanhã, fortes como a eternidade, numa tarde de quatorze de dezembro de dois mil e sete.

“Eu preciso é te provar que ainda sou o mesmo menino, que não dorme, a planejar travessuras, e fez do som da tua risada, um hino”
(Oswaldo Montenegro)

Comentários

  1. Aos amigos, Deuel, Aninha, Nina, Will, Renata, Flávinha, Wanessa, Fernanda, Luana(emo), Suedja, Natanael e tantos outro que agora não me vem o nome na minha cabeça Demente. "Alci", É pra vc, tia. "Feliz seu dia!" Seria bom q todo dia tivessemos esse sentimento de Aniversário!

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  2. olha lindo,no meu dia vc foi o único que consegui mim fazer chorar.Obrigada,pois esse 14 de dezembro foi inesquecível,vou guarda no baú das "melhores"lembrança

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  3. Na pressa por postar o texto, e estando utilizando os computadores do laboratório de informática da UAST/UFRPE,nem notei (ou Parei) os pequenos erros de Digitação, de quem escreve com pressa de ir pra aula próxima e com o coração na mão...

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