Deus e o Diabo jogando moedas


Na madrugada sussurre uma prece, um nome. Chame de fé ou de qualquer coisa que se pareça, aquilo que te prende firmemente em algo, que até então nos ensinaram a chamar assim: fé. O ser humano, dotado de tantos abusos e complexos, complexos tais que ele mesmo criou para si, sempre costumou recorrer para algo maior, que na verdade não passa de uma “transmissão de responsabilidade” ou cria outro conceito qualquer.
Leve uma topada, fale um palavrão, ache 10 R$ e agradeça a “Ele”. O problema é que algumas questões mudam de tom ao serem faladas. Achar dinheiro é coisa divina, mas ao perdê-lo atribuímos a culpa a outro personagem. Assim seguimos: um assalto na rua, uma bala perdida, aquela gripe forte? Tudo culpa do Diabo.
Parece que Deus eu Diabo fazem parte da mesma moeda, dependentes frios de nosso bom ou mal humor. Se tudo estiver certo, ótimo. Se não, arranjamos a culpa para o capeta e tá tudo bem.
Além da questão divina, criaram também os muitos atalhos: sorte, azar, carma, destino. A moeda ainda é a mesma, o que varia é o troco. As religiões (todas elas) devem vestir-se segundo a moda da estação: “eu visto a religião que mais me satisfazer”. Muitas contradições para um só Deus (ou não) e um só inferno (dependendo da estação).
A religião diz para se ajoelhar, orar e ficar quieto. Ovelhas não devem questionar, seguem. Até parece que não estamos mais lendo aquele livro empoeirado na estante que nos questiona diretamente: “de que se queixa, pois, o homem vivente?”

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