Ana, o mar, e um monte de outras coisas...


Ela é tão linda, e o fato de me levantar e escrever, só pra me libertar da culpa é mais uma desculpa para não pensar em você. Ela é tão bela, que o simples fato de seu nome começar com outra letra que não e a letra costumeira já é, de fato, motivo para se levantar às duas da manhã e ficar pensando em seu nome, substituindo os conectivos.
Naquela tarde fez sentir um leve toque de seus cabelos, suas mãos macias, a chuva caindo lá fora, quase que combinando, e eu, a ouvindo falar no telefone. De repente, um sorriso e pronto: estava fechado o paraíso; o céu inteiro poderia esperar, não fosse aquele carro chegando, ela partindo, eu relembrando Caetano, Teatro Mágico, qualquer coisa para se dançar.
“Onde já se viu um mar apaixonado por uma menina?”, “Por que a gente nunca escolhe de quem vai gostar?”, “por que o mar não se apaixona por uma lagoa?”
Ela tinha mãos tão macias; seria quase tão real se nossos mundos se chocassem, se fundissem num só mundo, e eu, pudesse beijar-lhe a face só para poder conferir se ela é de carne, lhe abraçando forte, sentindo o calor que sai de seus lábios, só para depois tocá-los, fazendo de sua boca um universo só para não pronunciar palavras, ouvir palavras (apenas sussurros, baixinho, ao pé do ouvido, como barulho de mar sem conectivo).
Ela é tão linda. E o fato de ser tão silenciosa, discreta, quase sorrateira, faz pensar que não é uma mulher, e sim uma boneca, feita de porcelana e linho ou seda; coisa para não se brincar. Ela é tão bela, até parece fácil sentir saudade de lhe impor uma brincadeira, ou vir sua voz como quase uma transcrição fonética, falando, ensinando, ditando sem embaraçar.
Ela. Não fosse o mar a distancia, a realidade estranha, que não permite nem o sonhar ou o falar no ouvido. Não diria mais nada além do nada que já lhe falei. Ficaria calado a seu lado, ouvindo contar histórias tão tristes, contos distantes realidades vagas, teorias mirabolantes, sobre oclusivas, bilabiais e indecisas. Eu lhe diria toda verdade que existe: você é linda, “Ana e o Mar”.

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